4 de novembro de 2011

Venda de Colchões telefone-a-telefone


É fácil nos dias de hoje comprar quase tudo. Bem, é quase fácil não fosse a crise ter-se instalado. Porém é ainda mais fácil para quem esteja do lado da oferta: é hoje possível vender quase tudo... Devo corrigir, é possível, isso sim, tentar usurpar através de quase tudo. E é comum encontrar quem se dedique a elaborar artimanhas ardilosas para tal.

Aqui há dias foi através do telefone fixo, esse "mono" em vias de extinção, que me tentaram enganar (parece-me que por esta altura já não deve ser novidade para ninguém receber telefonemas em casa solicitando que nos desloquemos a um local específico fazer um exame médico qualquer gratuito e, ainda por cima, exigindo todo um rol de informação muito pessoal). Só os mais incautos (e, acreditem, eles existem) é que não topam que este género de contacto se trata de um esquema de vendas subvertido. Depois de decidir atender o telefone fixo (é que isto é mesmo coisa que ando muito seriamente ponderar deixar de possuir!), calhou-me a "sorte" de ser uma contemplada com um rastreio de AVC gratuito, a propósito duma "campanha" qualquer a decorrer sobre aquela doença. Teria apenas de comparecer numa escola secundária ali perto (apenas...). Ocorria-me nesta altura algo muito curioso: nos últimos meses já tinha recebido n telefonemas a propósito de uma centena de campanhas de AVC e outras doenças geriátricas. Eu era uma valente "sortuda" por me estarem sempre a avisar tão simpaticamente com um telefonema; que sorte a minha... Desta vez refilei por já me terem ligado umas quantas vezes e exigi saber como é que tinham obtido o meu número de telefone. Responderam-me que era a primeira vez que estavam a ligar e que o número tinha sido obtido aleatóriamente pela introdução de dois dígitos num computador. Ora, temos aqui um ponto muito interessante: a inépcia da senhora em me tentar convencer que pela introdução de dois meros dígitos num computador (que por alguma razão insólita contém o meu número de telefone) isso lhe daria acesso a um número inteiro... Não me pareceu por isto que esta senhora estivesse a ser honesta comigo, se ela introduziu dois dígitos num computador ela estaria a obter não o meu número de telefone, mas sim um número de dois dígitos! Como naturalmente deveria estar a ser mais uma no meio de milhares, entretive-me em insistir e saber porque motivo estava eu sempre a ser contactada, porque motivo havia dezenas de campanhas daquelas a decorrer por ano e qual o nome da instituição que fazia os rastreios. Naturalmente que isso não deu em nada... E nome de instituição qual carapuça... Mas deu numa coisa inesperada: desta vez desligaram-me o telefone na cara a mim.

Soube há relativamente pouco tempo que o intuito destes telefonemas não era o de fazer os rastreio de doenças potencialmente alarmantes em pessoas de idades mais avançadas (como isso me surpreende...), mas atrair estas pessoas para locais onde lhes farão de tudo para lhes vender um colchão... Tanta coisa para me impingirem um colchão?! Ainda se fosse, como acontecia há uns tempos, sermos os contemplados com um "Prémio fantástico"... Parece que depois tínhamos de pagar o suposto "prémio" em prestações avultadas, mas tinha a sua dignidade! Mas um colchão?! Onde é que está a dignidade disso?

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