7 de setembro de 2011

Algures nos meandros burocráticos da vida num país em crise



Em Portugal colocar questões simples ou resolver pequenos problemas num qualquer serviço administrativo público, para além de se apresentar como o melhor quebra-cabeças alguma vez solucionado (na maioria das vezes nem hipótese de solução tem), é das melhores formas para perder tempo, uma vez que nunca nos leva a lado algum. Na grande maioria das vezes porque os próprios funcionários muitas vezes nem sabem como funcionam os serviços.

Algures no país tenho uma pequena casa de férias onde costumo passar momentos de descontracção em períodos cuja vida activa mo vai permitindo. Embora praticamente destituída de preocupações, de vez em vez lá aparecem uns pormenores que envolvem o pagamento de contas da água que muitas vezes me dão cabo da cabeça: A câmara local obriga-me a pagar as facturas em atraso nas instalações da câmara ou enviando um vale dos correios, e ainda me cobra juros desde o primeiro dia em atraso. Até aqui tudo bem... Bom, tudo bem quer dizer, algo distorcidamente aceitável! Porém, este mês, aconteceu-me uma situação caricata: o pagamento em duplicado, inadvertido, de uma factura da água, com o valor ridículo de 3 euros. Ora, seria de esperar que me devolvessem o meu dinheiro pelas mesmas vias e processos que a mim me obrigam quando eu me atraso no pagamento de uma factura, ou, no mínimo, que me devolvessem o dinheiro pago a mais abatendo o valor na factura do mês seguinte (situação que até a maior parte dos serviços acaba por fazer). Considero este um procedimento aceitável e simples. Mas uma vez que as câmaras municipais funcionam num mundo paralelo muito diferente (com um sistema que seja tudo menos simples e preferencialmente favorecedora dos seus funcionários de alta patente), o que me esperava seria uma situação completamente ridícula. Só tinha duas opções: ou viajava 400 km até as instalações da câmara e recebia o valor pago a mais (e quando lá chegasse ainda tinha de entregar e preencher uma série de papelada), ou, se não quisesse deslocar-me à câmara teria de enviar por correio todos os comprovativos inerentes à factura, incluindo um duplicado da própria factura (facilmente pesquisáveis num computador onde toda a minha informação provavelmente estará patente), esperar um par de meses que analisassem a situação (embora não perceba o que é que isto tem para analisar), receber em casa a tal papelada que teria de preencher(?) e devolver tudo preenchido novamente por correio. O que iria pagar em despesas de correio ultrapassava o valor que eles me deviam! Esqueci-me de referir que para obter esta informação toda estive ao telefone uma hora com duas funcionárias, fui eu que, obviamente, paguei a chamada e uma das funcionárias não sabia bem o que era necessário porque ainda me fez esperar meia hora enquanto alguém lhe explicava tudo. Para todos os efeitos nunca iria reaver o dinheiro que paguei a mais, e em qualquer das soluções que me foi apresentada perdia ainda mais dinheiro! Decidi ficar quieta e esquecer a ínfima quantia.

É por estas e por outras que concordo em pleno em reduzir o número de câmaras no nosso país. A maioria não tem grande utilidade e são tão astuciosas em engendrar esquemas para usurpar dinheiro aos munícipes que até mete nojo!

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